Perfil aplicável: III
Valor
Para que a inovação ocorra não basta gerar e implementar boas ideias, elas precisam ser bem difundidas. Uma inovação só se consolida se for aceita e disseminada pelo mercado. Muitas organizações se preocupam em gerar inovações, mas por vezes negligenciam a fase de transferi-las para o mercado. Se a difusão para o mercado falha, produtos e/ou serviços não são devidamente lançados e as expectativas dos potenciais clientes podem não ser alcançadas. Também é necessário garantir lançamentos das propostas de novos produtos e serviços em tempo de garantir maior retorno (Time to Market).
Explicação
Uma inovação precisa ter utilidade prática, ou seja, servir de solução para uma deficiência em um determinado mercado ou para um problema real. De nada adianta descobertas e novos conhecimentos sem a sua aplicação prática, que seja valiosa para um nicho de mercado ou um grupo de indivíduos.
As organizações não devem se ater apenas a gerar inovações, sendo necessário definir e implementar formas de inseri-las no mercado. Se isto falha, produtos e/ou serviços podem não ser devidamente difundidos para o mercado e/ou as expectativas dos clientes podem não ser devidamente alcançadas.
A difusão de uma inovação é a forma pela qual uma informação, uma opinião, uma atitude ou uma prática se expande para um determinado mercado ou um grupo de indivíduos. Engloba não só comunicar, mas também estimular indivíduos a mudar seu comportamento e influenciar outros, para que novos produtos e/ou serviços sejam adotados.
Definir uma dinâmica adequada para esta etapa do processo de inovação é fundamental para abordar algumas questões importantes para o sucesso dos esforços de inovação em uma organização.
Em seu livro Diffusion of Innovation [1], Everett Rogers propõe às organizações atenção a quatro elementos principais do processo de difusão de uma inovação, visando determinar suas estratégias e elevar o desempenho da inovação:
Ao construir estratégias para lançamento de novos produtos e serviços, considerar os quatro elementos acima pode potencializar a taxa de difusão de uma inovação. Portanto, uma forma de garantir a efetividade do lançamento de novos produtos é garantir que as organizações estabeleçam práticas gerenciais direcionadas também a esta fase do processo de desenvolvimento.
Rogers também definiu a Curva de Difusão da Inovação, que explica como se comporta a aceitação de uma nova inovação tecnológica pela sociedade. A princípio, possui aplicação universal para todos os produtos e contextos e não estaria vinculada a um tipo de inovação, mas sim ao comportamento de potenciais adotantes. Entretanto, é possível que ocorram variações na velocidade e na inclinação dessas curvas, visto que algumas inovações podem se difundir rapidamente, gerando uma curva mais íngreme, enquanto outras têm uma taxa mais lenta de adoção, desenhando uma curva de inclinação mais leve, mas ainda assim no formato S. A curva tem sido utilizada em diferentes estudos, entretanto, a verificação de sua validade se confirma incondicionalmente em alguns casos, mas, em outros, apenas parcialmente.
[1] Rogers, Everett. Diffusion of Innovation. Free Press, 5th ed. 2003.
Dicas
A difusão é não só uma parte inerente ao processo de inovação, mas também essencial para que a inovação aconteça e tenha, de fato, impactos econômicos e sociais.
O processo de difusão deve considerar as diferenças existentes entre as características socioeconômicas existentes nos países emergentes, quando comparados aos países desenvolvidos. Mesmo que já maduras, tecnologias testadas e difundidas em países desenvolvidos, quando inseridas em países emergentes, passam a sofrer a influência de características intrínsecas destas economias.
Uma economia que apresenta dificuldades em difundir novos produtos devido a uma situação de subdesenvolvimento em geral inibe sua capacidade inovativa, gerando um circuito vicioso.
A difusão da inovação ocorre principalmente por meio de agentes inovadores, que adotam as inovações independentemente de decisões dos outros agentes, e imitadores, que têm sua decisão influenciada pela pressão do meio social. É importante identificá-los e considerá-los na definição da estratégia para a inserção de inovações no mercado.
A difusão de um produto ou processo no mercado possibilita revelar problemas que podem ser corrigidos em suas futuras versões.
A capacidade de aperfeiçoar e/ou adaptar um novo produto ou processo às condições específicas de um setor ou país é fundamental para o sucesso da difusão tecnológica e seus impactos econômicos e sociais.
Há sempre casos particulares de empresas que adotaram formas de inovação mais diversificadas e abrangentes. Um exemplo seria o caso da Dell, que teria se tornado um dos mais bem-sucedidos fabricantes de computadores do mundo trazendo seus produtos de forma mais rápida ao mercado e inovando em processos organizacionais como gestão da cadeia de suprimentos, manufatura e vendas diretas, ao invés de focar-se em P&D unicamente.
As pesquisas de mercado podem servir para embasar decisões de negócio relacionados à difusão. É por meio da coleta de dados e informações que qualquer tipo de empresa pode agir com mais segurança, deixando os achismos de lado. Elas servem ainda para auxiliar qualquer área de uma empresa, levantando dados sobre os consumidores e os concorrentes e conversando diretamente com os seus clientes. Assim, representam um canal para ouvir quem mais importa para a empresa.