O propósito do processo de Gestão de Colaboração é estabelecer e manter relacionamentos (internos e externos) que possibilitem o desenvolvimento de ideias e/ou projetos de forma colaborativa.

Inicialmente, é importante observar que há uma diferença entre cooperação e colaboração. Todos parecem concordar que a colaboração entre funções é fundamental para grandes projetos e iniciativas. A realidade, no entanto, é que mesclar as habilidades e os recursos de diferentes departamentos, cada um focado em seus próprios objetivos distintos, para atingir um objetivo organizacional maior é muito mais fácil falar do que fazer. De fato, é preciso muito mais do que pessoas dispostas a se reunir, compartilhar informações e cooperar. Mais importante, envolve a tomada de decisões difíceis e trocas sobre “o que fazer” e “o que não fazer”, a fim de ajustar as cargas de trabalho em áreas com diferentes prioridades e chefes. E, apesar de todos os comportamentos cooperativos bem-intencionados, é nesse momento que a colaboração interdepartamental se desintegra (Ashkenas, 2015). Em suma, há uma abordagem mais formal na colaboração do que na cooperação e isso se amplia quando se trata de colaboração externa, no país e no exterior, com Universidades, ICTs e outros parceiros tais como clientes, fornecedores e consultores.

A importância da colaboração para a inovação nas organizações é destacada na Introdução da Norma Internacional ISO 56002:2019 – Innovation Management – Innovation Management System – Guidance. As capacidades de inovação de uma organização incluem a capacidade de compreender e responder às mudanças nas condições de seu contexto, buscar novas oportunidades e alavancar o conhecimento e a criatividade das pessoas dentro da organização e em colaboração com as partes interessadas externas.

Desenvolver a colaboração é um dos objetivos de fomentar a Inovação nas organizações apontado pela UNE 166002 - Gestión de la I+D+i – Requisitos del Sistema de Gestión de la I+D+i. Uma organização que apoia a inovação fomenta a colaboração entre as partes, o respeito mútuo e fornece meios para que a comunicação aconteça. A colaboração é parte essencial da inovação. Por meio da colaboração interna ou externa entre os interessados é que a inovação pode se desenvolver. Uma organização que conta com uma boa gestão da colaboração incentiva o intercâmbio de conhecimento, aumentando as suas possibilidades de aprendizagem.

Enquanto na Inovação Fechada o foco está nas ideias internas, a Inovação Aberta combina ideias internas e externas, bem como caminhos internos e externos para o mercado para avançar na direção de novas tecnologias (Chesbrough, 2003). Tanto na inovação fechada quanto na aberta, a colaboração deve ser gerenciada no Ciclo de Vida da Inovação, ou seja no chamado Funil da Inovação, nas fases de Geração de Ideias, Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, até chegar ao Mercado.

Alguns benefícios da gestão de colaboração:

• Melhora o brainstorming na busca de soluções
• Aumenta o senso de propósito
• Possibilita participação igualitária
• Acesso a habilidades e forças
• Desenvolvimento de habilidades e conhecimentos
• Traz mais agilidade às mudanças

Este processo é formado pelo conjunto de resultados esperados apresentados a seguir.

COL1 (perfil I) - Interações e contatos internos e externos são estimulados visando criar oportunidades para troca de experiências e aprendizado, fomentando o intercâmbio do conhecimento e a aprendizagem colaborativa.

COL2 (perfil I) - As possibilidades de colaboração interna e/ou externa para o desenvolvimento de PDI são identificadas, avaliadas e acompanhadas.

COL3 (perfil III) - Alianças e parcerias são identificadas, formalizadas e acompanhadas, conforme necessário.

COL4 (perfil III) - Ideia e/ou projetos de PDI são desenvolvidos em parceria, conforme necessário.

COL5 (perfil III) - Os resultados das parcerias são avaliados visando futuras colaborações, se aplicável.

Colaboração x Cooperação

Inovação Aberta, Inovação Fechada, Inovação Colaborativa

Ciclo da Inovação, Funil de Inovação

Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI) Colaborativa

1. Colaboração coletiva (Crowdsourcing): Segundo (https://endeavor.org.br/estrategia-e-gestao/crowdsourcing), em um modelo de crowdsourcing (crowd outsourcing) mil cabeças pensam melhor que uma. Um exemplo de crowdsourcing é a rede de CLF do MGPDI, criada com base no conceito de “Colaboradores na Linha de Frente” descrito em Teboul (2008). Dentre outras colaborações coletivas no MGPDI destaca-se o processo de construção deste Guia de Implementação, no formato wiki, uma experiência nova e não trivial para os que colaboraram voluntariamente no período de 2019-2020.

2. Colaboração síncrona e assíncrona (Synchronous and asynchronous collaboration): : Há duas formas de colaboração: i) síncrona (em tempo real), tanto presencialmente quanto usando ferramentas como Skype ou WhatsApp; ii) assíncrona, subindo documentos ou anotações para espaços de trabalho compartilhados no formato tradicional ou wiki.

3. Comunidade de Prática (Community of practice): Grupo de indivíduos que se reúnem periodicamente, por possuírem um interesse comum no aprendizado e na aplicação do que foi aprendido, seja em fóruns técnicos ou de marketing.

4. Empreendimento Corporativo (Corporate Venture): Expressão utilizada para caracterizar qualquer esforço de uma grande corporação para criar novas iniciativas empreendedoras (entrepreneurial ventures), seja ele interno ou externo, segundo (Corporate Venture: cooperar para crescer - Endeavor Brasil). No caso das iniciativas externas, de engajamento empresa-empreendedor, grandes organizações aproximam-se de startups e scale-ups, com objetivos distintos, tais como: i) aproximar-se do mindset empreendedor; ii) buscar complementaridade dos negócios; iii) garantir controle do processo de inovação; iv) incorporar inovação.

5. Ferramentas de videoconferência online, gratuitas e pagas (Online video conference tools, free and paid). Muito usadas na pandemia de Covid-19, as videoconferências na Web e Webinários estão cada vez mais presentes no dia a dia das organizações (uso corporativo principalmente para colaboração e uso no ensino remoto) e das pessoas (uso geral em happy hours, reuniões de família, cerimônias de casamento e missas nas igrejas). Exemplos: Skype, Cisco Webex, Hangouts (Google Meet), Whereby, Blackboard Collaborate, Microsoft Teams, Sympla Streaming, Zoom e 8×8, entre outras.

6. Gestão Colaborativa (Collaborative management): Uma coleção de técnicas de gerenciamento que focam em um senso de unidade e de trabalho em equipe entre gerentes, supervisores e empregados em uma organização.

7. Ideias externas para a inovação interna: Ideias para inovações internas, técnicas e de negócios, provenientes de fontes externas tais como universidades, ICTs, centros de pesquisa, fornecedores, clientes, consultores etc (ver em How Procter & Gamble Uses External Ideas For Internal Innovation como esta empresa está acessando ‘propriedade intelectual desenvolvida externamente’ para acelerar a inovação interna).

8. Parcerias Colaborativas (Collaborative partnerships): Acordos e ações entre organizações que consentem em compartilhar recursos para alcançar um objetivo mútuo.

9. PDI colaborativa (Collaborative R&D&I): : A missão da BRAFIP – Plataforma Tecnológica Brasileira (www.brafip.org.br) é promover a Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação colaborativa, com base no que é feito pelas ETP – European Technology Platforms, tanto no Horizon 2020 como nos programas que lhe antecederam na Comunidade Europeia.

10. Promoção da colaboração: Ver Promoting Collaboration: 4 Lessons from Google: #1 Abrace as diferenças; #2 Incentive as “colisões casuais” na força de trabalho; #3 Promova o engajamento das pessoas; #4 Mantenha a porta aberta.

11. Trabalho Colaborativo (Collaborative working) É o ato de duas ou mais pessoas ou organizações trabalharem juntas para um fim específico.

Ashkenas, R. (2015). “There’s a difference between Cooperation and Collaboration”, Harvard Business Review, April 2015.

Chesbrough, H. (2003). “Open Innovation: The New Imperative for Creating and Profiting from Technology“, Harvard Business School Press.

Chesbrough, H., Vanhaverbeke, W., West, J. (2006). “Open Innovation: Researching a New Paradigm“, USA: Oxford University Press.

Teboul, J. (2008). “Serviços em Cena: o diferencial que agrega valor ao seu negócio”. Brasília, Brasil: ELSEVIER, INSEAD, CAMPUS, CNI-IEL/NC.

IDE – Gestão de Ideias

PRO – Gestão de Projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

ABNT NBR 16501:2011. Diretrizes para sistemas de gestão da pesquisa, do desenvolvimento e da inovação (PDI). Website da ABNT

AENOR UNE 166001:2006. Gestión de la I+D+i: Requisitos de un proyecto de I+D+i. Website da UNE - Normalización Española

AENOR UNE 166002:2014. Gestión de la I+D+i – Requisitos del Sistema de Gestión de la I+D+i. Website da UNE - Normalización Española

ISO 56002:2019. Innovation Management – Innovation Management System – Guidance. Webite da ISO

A figura abaixo mostra o relacionamento da Gestão de Colaboração com os processos do Modelo MGPDI, onde alguns processos têm uma sinergia direta para sua execução, que permite que seu resultado contemple todos os outros processos de forma implícita.